COACHING E TERAPIA: ESCLARECIMENTOS À SOCIEDADE

Artigo sobre a diferença entre Coaching e Terapia
28/03/2018

Em fevereiro deste ano, a TV Globo exibiu em uma de suas principais novelas, uma cena na qual um personagem buscava o Coaching para tratar de problemas emocionais. Mesmo sendo uma obra de ficção, nada mais equivocado e que prestou um “desserviço” tanto aos profissionais de Coaching quantos aos terapeutas.

Várias sociedades de Coaching, bem como o Conselho Federal de Psicologia, suas regionais e a Associação Brasileira de Psiquiatria rapidamente se manifestaram, repudiando a cena e prestando esclarecimentos.

Embora um mês já tenha se passado, continuamos a ser questionados por clientes, amigos e conhecidos, então, nós, da Anexa, preocupados com a informação da sociedade e considerando um de nossos compromissos, que é de divulgar conhecimentos de qualidade com embasamento acadêmico e responsabilidade, resolvemos também nos manifestar a respeito.

Vamos deixar as críticas de lado, uma vez que as Associações já o fizeram e apresentar o Coaching e a Terapia.

O Integrated Coaching Institute (ICI)[2], onde fiz minha formação, assim define Coaching:

“É um processo focado em ações do coachee para realização de suas metas e desejos. Ações no sentido de desenvolvimento e/ou aprimoramento de suas próprias competências, equipando-o com as ferramentas, conhecimento e oportunidade para se expandir”.

Em quase dez anos de prática de Coaching, explico aos meus clientes da seguinte maneira: Coaching é um processo de desenvolvimento de competências que ajudarão o coachee (cliente) objetivamente a atingir a meta desejada. Neste processo, ele, orientado pelo coach (profissional de Coaching), trilha um caminho de descobertas e desenvolvimento de habilidades que muitas vezes nem se dava conta que as possuía.

Há vários tipos de Coaching, como por exemplo: o Profissional, mais conhecido, que pode ser voltado ao desenvolvimento de carreira, (transição de carreira ou profissão, desenvolvimento de habilidades para promoção, Coaching executivo), Pessoal, o Financeiro, de Esporte, Alimentar, entre outros, todos desenvolvendo competências para atingir uma meta.

Atua focado no presente, buscando o futuro desejado, diferente da Terapia, que é um processo de autoconhecimento que busca nas histórias de vida as informações referentes ao entendimento e mudança de determinados comportamentos seja do indivíduo ,do casal ou família.

Assim como na Terapia, trabalha-se com dia e hora pré-definidos, que devem ser cumpridos tanto pelo coach quanto coachee. Costuma ser individual, embora também exista o Coaching de Equipe, que acontece em empresas. Aliás, nas empresas, tanto o pessoal de RH como gestores podem realizar Coaching com seus colaboradores, além de poderem contratar coachs autônomos credenciados, para atuarem.

Em termos de estrutura deve haver uma sala própria e privada para tal, além da exigência de confidencialidade e postura ética por parte do profissional, tanto em organizações como fora delas.

As reuniões e não sessões, acontecem inicialmente com frequência semanal, duram 60 minutos e conforme o processo caminha, passam a ser quinzenais, de acordo com as tarefas a serem realizadas e o desenvolvimento do coachee.

Neste processo, repito, que é focado no presente e futuro e no qual o passado é evocado apenas para busca de resultados inéditos, o coach não interpreta, não dá conselhos, tampouco emite opiniões. Ou seja: não investiga histórias familiares, processo de desenvolvimento (gestação, nascimento, infância, adolescência, etc), traumas, relações pessoais, familiares, pois não fazem parte do escopo do trabalho.

Portanto, Coaching, além de não ser terapia, nem Terapia Breve, também não é de maneira alguma substituto para tratamento de questões ligadas a aspectos emocionais. Portanto, não há impedimento para que uma pessoa realize Coaching com determinado profissional, por exemplo, Coaching de Carreira e terapia com outro. Ambos não são excludentes, porém um não pode ser substituído pelo outro, pois o campo de ação envolve domínios, recursos e abordagens distintas.

Coaching é um trabalho bem objetivo, com número de reuniões previamente definidas logo nos primeiros encontros (em média 12), podendo ser ampliado ou renegociado de acordo com os resultados alcançados, diferentemente da terapia.

Neste sentido, a terapia não tem prazo definido para encerrar, pois envolve um trabalho gradual, de olhar com profundidade para o passado do cliente por meio de uma abordagem ou “linha” terapêutica específica. O terapeuta atua analisando ou realizando leituras da realidade com o cliente, na busca de compreensão de processos psíquicos, emoções e atitudes vivenciadas pelo individuo.

No caso da terapia familiar, além de se observar as relações, aprofundamos nas histórias familiares ( modelos de conduta, mitos, crenças), buscando entender e ressignificar o passado, desconstruindo modelos antigos de condutas e construindo novas possibilidades para o existir / relacionar tanto consigo mesmo como nas relações com o outro.

Penso que algumas pessoas confundem Coaching com Terapia, pois a grosso modo, ambas possuem o mesmo “formato” e também porque há o “Life Coaching” ou Coaching da Vida focado em mudanças de áreas específicas de vida, como por exemplo, física/ saúde a qual demanda um tempo maior, entre 6 e 12 meses em média.

Uma outra questão que pode confundir as pessoas é que embora existam psicólogos com formação em Coaching, meu caso, por exemplo, as atuações devem permanecer distintas, tanto que na formação fui orientada a ter dois cartões de visita: um para a psicóloga/ terapeuta e outro para a coach. Neste caso, a responsabilidade e a ética também devem ser observadas para que não se misture abordagens, preservando o cliente.

Esperamos ter contribuído e caso tenham dúvidas, não hesitem em nos escrever.

Abraços da Equipe da Anexa.

[1] Psicóloga, Terapeuta de casal e família pela PUC-SP, com mestrado e doutorado em Psicologia Clínica na mesma Instituição. Tem formação em Coaching pelo ICI – Integrated Coaching Institute.

[2] ICI, Integrated Coaching Institute, by Rhandy di Stéfano e Fátima Abate, apostila de formação, p.8, 2009.

Valéria Maria Meirelles- Psicóloga – CRP 06/34329-0

Possui graduação em Psicologia pela USP (1989), com especialização, mestrado e doutorado em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Neste último, estudou a Psicologia do Dinheiro, com a tese: "Atitudes, crenças e comportamentos de homens e mulheres em relação ao dinheiro ao longo da vida adulta".

Atua como psicoterapeuta, coach, consultora e palestrante em temas relativos a dinheiro, família, ciclo vital e carreira.

Autora do livro: Lado a lado: prática clínica e sucesso financeiro, Ed. Appris, 2017; co-autora do livro USO DO DINHEIRO NA VIDA ADULTA: Uma perspectiva da Psicologia Clínica e da Psicologia do Dinheiro”, Ed. Atlas, 2015 e organizadora do livro: "Mulher do Século XXI",
ed. Roca, 2008.

É também professora convidada em cursos de graduação pós-graduação em temas voltados à dinheiro e família.

Colabora com revistas comerciais, bem como participa de programas de TV, rádio e revistas falando sobre as questões envolvendo dinheiro na vida pessoal e profissional, mulher, carreira, além de ser membro de associações nacionais e internacionais relacionadas à família e Psicologia Econômica.

CV Lattes: : http://lattes.cnpq.br/0835716343625739

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